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Luciana Brites

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Luciana Brites

 

 

IGNORÂNCIA

 

 

 

      A melancolia é por vezes mais plena que sentimentos menos confusos, interessante ser, apesar de caótica, libertadora. Vida. A calma de respirar formas completas de energia e cores e vivencias. Ser físico e concreto. Seco. Há quem pense que a essência humana prende-se à alma, importante revelar no principio que tal pensamento arcaico não faz o estilo de quem sobrevive na realidade terrestre, sendo esta, Terra, morada de pensamentos inquietantes e inúteis para a plenitude. Vivenciando a arrogância dos macacos de “telencéfalo altamente desenvolvido e seu polegar opositor” permito desembocar pesados problemas existenciais da maneira que melhor perturbar meus semelhantes. Intuito de mostrar-me disposto a acolher os que em alguma parte da historia acabaram sem pêlo e com rodas. Quem dera mantivéssemos mãos no chão, seria sublime a corcunda do presidente do país que controla a economia mundial com ilusão de superioridade. Andasse esta partícula humana menos “posturada”: notaria que estamos esgotados de problemas sem sentido.

      Não perturba pensar que ao ler tais possibilidades pense que esses devaneios derivam de uma insensibilidade gigantesca e do frio de uma existência sem motivações, explico que sou movida por uma extrema sensibilidade, só possível de ter em tempos de capitalismo. Excesso de alma.

      A melancolia é o melhor resultado do modelo social. A serenidade do corpo maquina aliado ao vazio existencial. Eis o que temos em nossas mãos. Eis o que são humanos: sensíveis e produtivos. Excesso. Bastava ser. Pensar produtividade limita. Parece confundir ações e sentidos. Separamos partes do que consideramos humano no homem e gerações pensam a existência assim: fragmentada. Vazios porque sendo partes mal encaixadas tudo que poderia ser retido escorre. Escorre do que existe o anarquismo, socialismo e humanismo.

      Agarramos utopias, planejamos futuro sustentável, desejamos um clima agradável (arrogantes seres empinados pensamos lidar com o natural). Vai vazar. Teorias maravilhosas de como deveríamos ser. Estudar passado e futuro em academias de títulos. Criar melhor educação, remodelarmos o sistema econômico unindo teoria e prática bancária. Pensamos em tudo, sabemos coisas que a NASA descobriu ontem e então estamos prontos. Prontos para escarrar todo saber e chorar a existência. A existência. Existir então passa a pesar, é o que se pensa. Verdade é que a vida passa a ser vazia porque não se armazenou nada, tem-se uma desnutrição da essência. Porque o saber é demasiado. Incoerente.

      Convém então pensarmos em sensibilidade. Resultado de conhecimentos irrelevantes. Sobre flora. A televisão e o vizinho e roda. Engrenagens. O sistema de rotação e translação. A forma. Formação. Sustentação. Habilitação. Habitação. Atenção. Revolução. Grama. O sol. O sol não pode ser observado, olhos não suportam tamanha claridade. Porque saber sobre realidades fora do nosso alcance? Pode-se observar formigas sobre a grama e viver em paz.

      Prazer de enxergar o sol através da lua. A vida através da ignorância.

 

 

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Poema de menininha I

 

Confusa, por saber de mais

                        Entender de menos

Esperançosa

Derrotada

Afogada

              Na metáfora

                                  Da aparência

Onde acabará?

A menininha se perguntava

Diante de sonhadas felicidades

O que gerava sua angústia

( sem saber se era angústia )

eu canso dela!

Enquanto ela busca, eu durmo

                                                   Às vezes ela sonha

meu direito de sonhar?

Frustou-se

Mas ela é maior e resiste

                                           Quando desisto

A força mágica dela insiste

 

Então é ela que me vive?  

 

 

 

Poema de menininha II

 

Cansada de se preocupar

 Foi ate o lugar onde pode modelar amigos

                                        E felicidades     

   Secretamente

 

 

 

 Poema de menininha III

 

Da história a meninha tenta fugir

Burla as questões fisicas

Atinge o sublime, mas

Só quando deixo

O futuro dela depende de nós

 

 

 

Poema de menininha  IV

 

Um dia

A pequena aprendeu a imaginar

Imaginação ET

De intensidade “super”, mas

Egocêntrica

Imaginou a própria vida

( não sabia do destino )

 

aprendeu sobre livre arbítrio

imaginou do que ele era livre.

 

Coitada, ainda não sabia

Que não se deve misturar

Sabedoria e imaginação

Eu fiquei assustada.

 

 

 

Poema de menininha V

 

Resolveu fugir

Todos fogem quando sentem

a garotinha pensava nos conflitos

fugir dela, ela queria

esconder-se

 

da vida

 

da comédia forçada

percebe o que ela diz?

 

 

 

Poema de menininha VI

 

Angústia sente de não ser o que pensa

Ela quer uma vida que seja dela

Escuro

Começa!

Angústia sente

Por nós vive

Inventa clarões de paz

Onde não entra

Permanece no escuro

Fugindo dos pensamentos

Vendo linhas e palavras

Escrevendo

Lá onde encontra a angústia

     Onde se consomem

              Se abalam

                   Consolam

Eu sinto, por ser indefesa

E dessa vez, menininha

Quero seus abraços de palavras.

 

 

 

 Poema de menininha VII

 

 Se alguem ganha

Ela pensa no derrotado

Nenhum todo é vencedor

Perde a batalha o outro

Uma batalha é a vida

É um conflito

Sem rodeios

Pode se perder

 

 

 

Poema de menininha VIII

 

Na dúvida chiquita diz não

Porque pensa ser seguro

Fingi que utopia é uma farsa

E a vida é facil!

O não imutável é facil!

Segura sua farsa (há duvida )

Confiante na angústia

Menininha diz não

 

 

 

Poema de menininha IX

 

Paz

Voa na asa branca

De fundo dourado

 

Vive de luz o mundo encantado

Querido passáro da paz

Não brinque comigo de estar

Seja o que for

Não deixe passar

 

 

 

Poema de meninha X

 

E de viver cansou!

Sentiu vontade louca de sonhar

Sonhar dormindo e vivendo

Surgiu um dourado

Achou bonito, gostou

No dentro da vida

Ela quis viver

Explorar o amarelo/dourado

Uma estrela?

Casa com ela

Dança com ela

Enjoa dela

Mas não larga

Porque unia o tão “linda”

Que acha

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Luciana BritesLuciana Brites – Poeta, contista e artesã, era estudante de Letras na Universidade Estadual de Maringá até o final do ano de 2009.

 

 

 

 

 

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